Cooperativa Paulista de Dança promove o evento ‘Mostra A Dança Resiste CPD’

Começa hoje, dia 29/11 a Mostra A Dança Resiste CPD, um evento promovido pela Cooperativa Paulista de Dança, que conta com o apoio da Secretaria Municipal de Cultura e que será realizado no Centro de Referência da Dança e no Centro Cultural Olido entre os dias 29 de novembro a 10 de dezembro de 2022.

Os artistas que se apresentam na Mostra A Dança Resiste CPD trazem o perfil de profissionais que continuam produzindo e reinventando suas pesquisas e criações apesar das dificuldades. Uma reflexão que é sempre viva, é como garantir oportunidades equânimes a artistas iniciantes e artistas consolidados.

Discute-se pluralidade e diversidade para dividir o bolo de forma igualitária, mas ainda não equânime. Ao longo de mais 15 anos do principal programa de fomento à dança na cidade de São Paulo, não obtivemos ainda aumento no número de contemplados por edição, e cada vez mais é difícil aos grupos que tenham um número muito grande de colaboradores, pagar um valor justo à equipe de profissionais, uma rede que por vezes ultrapassa um total de 20 pessoas entre artistas da dança, iluminadores, sonoplastas, preparadores corporais, produtores entre outros.

O custo de vida não congelou, e atravessamos uma pandemia sem políticas públicas suficientemente justas e exequíveis à demanda de perdas dos profissionais da dança desde 2020.

Na expectativa de que essa mostra traga visibilidade a artistas cooperades que ficam de fora dos processos de seleção dos editais de fomento, a Mostra A Dança Resiste CPD pretende evidenciar o quanto os editais são perversos e possuem uma lógica excludente, uma vez que até hoje a verba da lei de Fomento à Dança não foi recuperada após golpe perpetrado pelo então secretário em 2016.

Criar oportunidades para todos, multiplicar ao invés de dividir o tamanho de um “cobertor” de oportunidades que ainda é curto, dada a enorme produção da cidade e chegada constante de novos talentos, é a aspiração dessa iniciativa que a Cooperativa realiza a partir dos trabalhos de seus artistas cooperades.

Compõem a programação um total de 19 (dezenove) apresentações em dança, de grupos e artistas independentes, associados à Cooperativa Paulista de Dança que serão ofertadas gratuitamente à população como forma de estímulo ao consumo de bens culturais produzidos no município de São Paulo.

PROGRAMAÇÃO NO CENTRO DE REFERÊNCIA DA DANÇA

DIA 29 DE NOVEMBRO DE 2022

18h – BOCUDA – EVERY NOW AND THEN com Nina Giovelli
Classificação Indicativa – 14 anos
Bocuda é um programa performativo para falar primeiro e pensar depois, é ativação e também partilha de imaginários, é uma tentativa de alimentar a ficção com questões reais; um pouco de passado, um pouco de futuro, uma composição entre realidade palpável, memórias e imaginação.

Na performance a voz engaja o corpo e busca vibrar o espaço e os outros corpos; a dança é um sistema bruto de comunicação; há engajamento emocional e há uma busca de criar um espaço empático onde caibam questionamentos e pensamentos de mundo.

Um concerto, uma fala muda, uma palestra, um encontro para pensar junto e ativar possibilidades, uma proposta para organizar-se de uma outra forma em uma outra lógica.

18h45 – ARQUIPÉLAGO com …AVOA! Núcleo Artístico
Classificação Indicativa – 10 anos
Em Arquipélago, a dança tem como base a improvisação. Alguns objetos de trabalhos anteriores da artista são reunidos no mesmo espaço e cada um tem o potencial de provocar e transformar a dança a todo momento. Suas materialidades, as memórias contidas nelas, assim como as pessoas presentes podem alterar o rumo dos acontecimentos. Enquanto imagem poética, trata-se de um arquipélago de pessoas, objetos e afetos que fazem a dança acontecer e ser partilhada no instante em que nasce.

19h30 – SE EU É POR NÓS, QUEM SERÁ CONTRA NÓS com Cia Perversos Polimorfos
Classificação Indicativa – 14 anos
O trabalho de dança parte da pergunta e conceito de apropriar-se de um corpo/história para criação coreográfica. Empoderar-se da sua dança.

Dar poder, autoridade, autonomia e afirmação: dar poder, investir de poder, conceder poder, dar autoridade, investir de autoridade, conceder autoridade, dar autonomia, investir de autonomia, conceder autonomia, habilitar, desenvolver capacidades, promover afirmação, promover influência.

20h30 – ENQUANTO HOUVER CORPO com Cia Pedro Costa de Dança Contemporânea
Classificação Indicativa – Livre
“Enquanto Houver Corpo” é um processo artístico da Cia Pedro Costa de Dança Contemporânea livremente inspirado nos heterônimos do poeta e escritor português Fernando Pessoa.  Cinco interpretes criadores investigam as inquietações da obra do poeta transpondo para a cena suas indagações existenciais, explorando os limites físicos entre corpo, palavra, movimento e procurando (des)construir e questionar os complexos e atuais conflitos do poeta sobre a existência humana. Cada intérprete escolheu um heterônimo para a pesquisa de criação através de laboratórios para possíveis encontros com uma dramaturgia alicerçada na interface do teatro e da dança contemporânea, tendo o corpo, a palavra e a música como fio condutor do espetáculo.

DIA 30 DE NOVEMBRO DE 2022

18h – BRUMA com Núcleo Luisa Coser
Classificação indicativa – 16 anos
BRUMA acontece numa caixa de sombras e investiga temas de políticas de aparecimento, precarização e expressividades de gênero. Nesta peça, nos interrogamos sobre a categoria “mulher” e os discursos que presumem uma corporeidade “feminina”.

Dançar as sombras, as grutas, o des-aparecer, o transmutar, um corpo-multidão, ativam um pensamento artesanal do fazer-cena, da “mise en scène”. Onde não há teatro, inventa-se um, “eu” sou o teatro, “eu” sou meu duplo. Assim nos multiplicamos, assim nos transbordamos. Sombra e luz caminham juntos e há uma paisagem opaca que irrompe para nos fazer ver, além do que imaginamos ver.

19h – VOYEUR com Núcleo Tentáculo
Classificação indicativa – 16 anos
Voyeur é construído a partir de conceitos advindos da psicologia, relidos por meio de uma dramaturgia que aborda questões como Fetichismo, Voyeurismo, Trauma e Relações humanas. Em especial, a nova revisitação da peça, atualizada em 2022, propõe pensar também o lugar do corpo feminino nesta composição.

20h – ESPETÁCULO 4 com Ecco Cia de Dança
Classificação indicativa – Livre
Sempre que pensamos nas estações do ano, fazemos contato com o caráter cíclico e transitório da vida. Uma fase sucede à outra, trazendo elementos diferentes e estímulos que interferem em nossa vida de várias maneiras. Muda-se a paisagem, a temperatura, o grau de luminosidade, as cores e sabores! Mudam-se os sentimentos, as expressões, as ações! Muda-se o interno e transforma o externo. 4 vem traçar um paralelo entre as diferentes estações do ano e o impacto dessas mudanças em nossas emoções.

20h40 – MANOfestAÇÃO com Unity Warriors
Classificação Indicativa – Livre
O espetáculo MANOfestAÇÃO traz um manifesto através da dança Breaking, que é base nas pesquisas do grupo Unity Warriors. Ações de se manifestar como as Block Parties, originais festas de rua da cultura hip-hop, que em meio ao descanso e o caos, os jovens encontraram a dança como refúgio e espaço de protesto. Um manifesto através de vivências do cotidiano de jovens periféricos, trazendo à tona aquilo que nos “aprisiona”, buscando (re)apresentar artisticamente a desigualdade social, o racismo estrutural que molda o imaginário social e atravessa nosso fazer, enquanto cidadãos e artistas periféricos, que no meio de tantas adversidades, barreiras invisíveis e visíveis continuam (re)existindo.”

DIA 1º DE DEZEMBRO DE 2022

17h40 – TERRA com Coletivo Ruínas
Classificação Indicativa – 14 anos
TERRA é uma peça multimídia de dança contemporânea, onde o corpo interage com um objeto rústico, transformando sua topologia e imprimindo sobre ele as forças ativas do que chamam de progresso.

Invoca-se à superfície da terra a solidez da rocha para criar, em um paralelo com os ossos [estruturas edificantes do corpo], uma dança de embate, de tremores, repouso, quedas, desmoronamentos, perfurações, rasgos e irrupções; relações simbolicamente atreladas a forças geofísicas [inorgânica e orgânica], em uma teia compositiva de criação simultânea com o som e audiovisual expandido performados ao vivo.

18h30 – ENTRE O QUE SE IMAGINA E O QUE SE PODE TOCAR com Núcleo de Improvisação
Classificação Indicativa – 12 anos
Neste espetáculo, ao vendar os olhos em busca de outras modos de desestabilizar os automatismos do corpo, o fluxo dos acontecimentos é evidenciado, trazendo uma atenção para as trocas sutis, pequenas, quase invisíveis, que se dão no entre, expondo a potência dos pequenos gestos. A dança é atravessada pelos fluxos de pensamento, memória, imagens; padrões através dos quais “lemos” o mundo. A cenografia é criada pelo recorte da luz nos diferentes espaços cênicos e também com utilização de lanternas manipuladas pelos intérpretes com suas diferentes arquiteturas e a sonoridade a partir das vozes dos dançarinos.

19h30 – DILÚVIO com Plataforma Acampamento
Classificação Indicativa – Livre
Dilúvio é uma peça de dança criada de forma independente na cidade de São Paulo, com apoio de residências artísticas (Centro de Referência da Dança, Casa Líquida). Durante seu processo de criação, foi apresentado no contexto de mostras (Espaço Kasulo e Centro de Referência da Dança) e teve sua pré-estréia no Teatro dos Arcos (SP). Estreou em dezembro de 2020, já durante a pandemia, em live streaming no Festival Brasil Cena Aberta e foi contemplado por edital do Proac, recebendo recursos para execução de gravação e licenciamento de registro do vídeo da obra.

20h30 – ESPELHOS DELAS com Grupo Gurias
Classificação Indicativa – 10 anos
O espetáculo Espelhos Delas tem como pesquisa corporal a dança negra estadunidense Waacking, trazendo o espelho como objeto central, ele surge ressignificado, em forma de memória, autoconhecimento e luta, a fim de exaltar nossas belezas e de nos conectar com nossas ancestrais. O espetáculo foi contemplado pelo 29° Fomento à Dança da Cidade de São Paulo, refletindo e multiplicando nossos corpos através do estudo das mais importantes feministas da história.

PROGRAMAÇÃO NO CENTRO CULTURAL OLIDO

DIA 3 DE DEZEMBRO DE 2022

17h – SHUBHAYATRA – DANÇANDO A ÍNDIA com Coletivo Trançado
Classificação Indicativa – 10 anos
Este espetáculo se propõe a fazer uma viagem cultural e poética pela Índia a partir de quatro diferentes estilos de dança clássica indiana. A palavra sânscrita SHUBHAYATRA quer dizer ‘boa viagem’. O público é o viajante, a plataforma da estação é o palco, o trem é a dança ou o veículo de manifestação da experiência com esse universo cultural desconhecido. É assim que encaramos o desafio de colocar no palco um pouquinho de cada um destes estilos – como uma grande jornada sensorial, poética, filosófica, espiritual e amorosa, convidando o viajante a desbravar paisagens ainda desconhecidas de uma terra milenar, pelo viés da dança. SHUBHAYATRA aos companheiros de jornada, viajantes – como nós – que, abrindo-se para a beleza do encontro, experimentam o prazer único, indivisível, da viagem.

18h15 – ESPETÁCULO ‘PERFORMANCE OBSERVATÓRIO’ com Núcleo Pausa
Classificação Indicativa – 10 anos
O espetáculo acontece em uma proposta de escuta, através da percepção dos sentidos do corpo, e os sentidos da imaginação. Assim, quando os artistas se colocam pelo espaço ocupando-o e construindo imagens, é apresentado ao espectador, elementos fundamentais do comportamento da dança, como a observação e a comunicação. O público é convidado à experiência de olhar e de participar com sua atenção. Ferramentas de edição em tempo real da cena como pausa, reversão, velocidades e uníssono, traduzem uma abordagem coreográfica e a prática do improviso, sintonizando partituras, provocando a imaginação e tornando transparente a forma como uma dança é criada. A experiência física de tocar a imagem (tocar o movimento) coloca a questão elementar para o Núcleo Pausa que é: o que vemos quando olhamos dança?

19h – NERVOS DO ENTULHO com Viver Núcleo de Dança, Pesquisa e Criação
Classificação Indicativa – 10 anos
O espetáculo ‘Nervos do entulho’, traz como matéria de trabalho, “tudo aquilo que a nossa civilização rejeita, pisa e mija em cima”, para com isso produzir uma voz_corpórea e um corpo_sonoro. “Só bato continência é para arvore, pedra e cisco. Os ciscos semoventes e o propriamente cisco”

19h35 – NO HAY BANDA É TUDO PLAYBACK com Grupo Vão
Classificação Indicativa – Livre
No hay banda é tudo playback é uma aparição. Subitamente as artistas surgem no espaço em meio ao público e performam através do dispositivo de dublagem Lip Sync hits remixados dos anos 90. Interessadas no universo paradoxal da cultura pop, que é ao mesmo tempo massificadora e provocadora, a playlist selecionada tensiona essa relação a partir de um recorte nacional e internacional de músicas interpretadas por mulheres. Os hits contagiantes costuram em sua dramaturgia elementos do contexto cultural dos anos 90, momento com forte presença da televisão e seus programas de auditório e maior abertura às influências norte-americanas provenientes do avanço neoliberal nos aspectos político e econômico. No hay banda é tudo playback mobiliza a sensação ambígua de familiaridade e incômodo que vaza e desloca, de um estado festivo para um estado ácido, nossas percepções e referências.

DIA 10 DE DEZEMBRO DE 2022

17h – UNDERNEATH-1 com FTMM
Classificação Indicativa – 14 anos
Em um espaço de 3m x 5m demarcado por fitas no chão, mobilizados pela sonoridade e pela alta incidência de luz, dois corpos entrelaçados se deslocam, afetando-se mutuamente. O deslocamento lento e contínuo tece a trama dramatúrgica. Um trabalho que investiga a potência de pequenos gestos, de frestas que deixam escapar intimidades. Em possível contraponto ao movimento das relações afetivas da atualidade, os intérpretes se lançam à dificuldade de ver-se completamente revelados um ao outro, num exercício de confiança profunda, uma vez que, somente juntos, têm condições de superar as adversidades que suas trajetórias impõem. Assim, a ação continuada, faz com que gestos de carinho possam se tornar agressões, e apoios (para garantir a integridade física) se transformem em ameaça ou acolhimento. Um reflexo de qualquer relação profunda e íntima. Nesta dança, toda ação, todo gesto, no passar do tempo transfigura, as vezes se torna uma parceria profunda, noutras um vínculo tóxico e abusivo.

18h30 – OBJETO ABJETO AMBULANTE com Coletivo Corpos Falantes
Classificação Indicativa – 12 anos
A obra, Objeto Abjeto Ambulante, inspirada no quadro Operários de Tarsila do Amaral, faz uma analogia entre o período de industrialização brasileira que ocorreu de forma exorbitante a partir de 1930, o período de ditadura militar brasileira que ocorreu entre 1964 a 1984 e a situação brasileira a partir os anos 2000. Os operários de Tarsila, transitam do quadro para a dança, possibilitando que o espectador além de reconhecer a história do povo trabalhador brasileiro, também se identifique como protagonista desta história, pois em todas as gerações, as lutas diárias por melhores condições de trabalho e as suas rotinas intensas e abusivas, permanecem ligadas as suas existências. Operários são, Objetos abjetos ambulantes que a gerações permanecem resistindo as adversidades impostas.

20h – CARTA AOS SOBREVIVENTES com Núcleo A Cozinha Performática
Classificação Indicativa – Livre
Nesta apresentação os artistas retomam o diálogo sobre poesia – palavra falada e poesia – corpo que dança, experimentação que, há vários anos, desenvolvem na plataforma A COZINHA PERFORMÁTICA. Se no trabalho anterior, O LIVRO DAS MARAVILHAS, o tema era a mobilidade e o convocar a imaginação e suas travessias, agora esses caminhos se erguem sobre os escombros, é um exercício de permanência, um convite a escuta em meio a tantas explosões. São várias cenas, micro cartas, endereçadas aos sobreviventes desses anos PAN –PANDÊMICOS. Um estado de combate, mas de poesia como “máquina de guerra”, uma das declarações que Gilles Deleuze faz em relação à Arte em geral e em particular à Poesia, pois para o pensador da Diferença, a Poesia é mais poderosa do que a própria Filosofia. Essas cartas são nossos poemas, desses dias de graça e guerra, escritos nos corpos.

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